Uma mãe telefonou-me (22/07/14) pedindo ajuda para a sua filha que, em profunda depressão, encontrou caída na casa de banho. Luisa (nome fictício), 23 anos, tinha acompanhamento psiquiátrico há muito tempo, mas não tinha forças nem vontade para se deslocar até ao meu consultório. Decidi atender ao pedido daquela mãe e desloquei-me até sua casa, levando comigo uma marquesa portátil.
Luisa praticamente não comia nem bebia, não conseguia falar nem segurar-se de pé e dizia não ter vontade de viver. Montei a marquesa no seu quarto, ajudei-a a deitar-se e durante 40 min. apliquei-lhe Cura Reconectiva. No final deixei que tentasse levantar-se sozinha mas tive que ajudá-la a passar da marquesa para a cama. No dia seguinte voltei para 35 min. de Cura Reconectiva e no final fiz-lhe Códigos de Cura, com ela ainda na marquesa, orientando-a para a intencionalidade da sua cura com palavras que lhe dizia ao ouvido. Conseguiu sair sozinha da marquesa e disse sentir-se melhor.
Ao 3ª dia (24/7/14) a mãe contou-me que já se levantava para estar na sala a ver televisão. Fui ter com ela ao quarto: ainda deitada disse-me que tinha medo de se levantar. Pedi-lhe que se sentasse numa cadeira para conversarmos um pouco. A dada altura sintetizei o significado do que me dizia e perguntei-lhe se o que sentia era algo como “Eu estou condenada à doença, ao sofrimento e a viver infeliz”. Acenou que sim com a cabeça. Percebi também que não havia a vontade de se curar: “O pensamento de morte está comigo o tempo todo, não vale a pena viver”, disse.
Expliquei-lhe que a depressão, quando torna as pessoas muito infelizes, leva-as a terem pena de si próprias e que isso significa que desistirem de fazer algo por si mesmas. Apelei com clareza e frontalidade à sua racionalidade: “Não podes entregar-te à desistência. Se tu desistes, ninguém poderá fazer nada por ti. Se tu desistes, aos teus pais não restará outra alternativa que não seja internar-te num hospital com tubos e comprimidos”.
Em situações como esta a comiseração é paralisante, porque isso só vai alimentar o sentimento de pena que o doente já tem por si próprio. É preciso fazer a pessoa sair do estado de vitimização e chamá-la para a atitude de fazer algo por si. Temos que pensar que perante nós está uma pessoa doente, mas está também uma pessoa capaz de pensar de forma inteligente, se formos capazes de encontrar a dose certa de frontalidade, assertividade e energia. Esta abordagem não poderá confundir-se com impaciência ou irritação que se torne ofensiva para a dor e sofrimento da pessoa doente.
Pedi à Luisa que fizesse um esforço e seguisse as minhas instruções. Embora com dificuldade, ela conseguiu realizar o código de cura para contrariar a crença “Eu estou condenada à doença, ao sofrimento e a viver infeliz”; para reverter essa crença escolheu como frase de cura “Eu tenho a liberdade de viver e agir conforme as escolhas que faço”. De seguida apliquei-lhe 30 min. de Cura Reconectiva. Levantou-se bem da marquesa, falava já com alguma fluência e despediu-se de mim sem ter que voltar para a cama.
Entretanto a Luisa ia retomando uma alimentação normal e ao 4º dia (25/07/2014) já estava em condições de ser levada pela mãe ao meu consultório. No início da nossa conversa, com tristeza e desalento, diz-me que não encontra “motivação para ficar melhor”, mas era óbvio que estava francamente melhor. O problema da Luisa é agora o de a melhoria do seu estado de saúde a trazer de volta às responsabilidades do seu quotidiano. Refere que tem grandes medos e preocupações relacionadas com a conclusão do seu Mestrado: conseguiria acabar a dissertação a tempo? Conseguiria realizar um trabalho com a qualidade académica que ambicionava e com as elevadas expectativas de quem a escolhera para aquele projecto? Conseguiria ainda fazer aquela unidade curricular que detestava, que ficara para trás?
Embora com uma inteligência acima da média, uma das melhores estudantes do seu curso, com alguma frequência a Luisa fracassava ou ficava aquém dos seus objectivos académicos, devido aos recorrentes períodos de desequilíbrio emocional por que passava. Era o espectro do fracasso em mais um momento importante que estava de regresso e a deixava em pânico. Mas não eram apenas as imagens negativas do fracasso que estavam de volta; eram também as recordações do sofrimento estóico por que passava, lutando contra si própria, num esforço enorme para conseguir os seus objectivos em condições emocionais muito adversas. Era o querer estudar e não conseguir; era submeter-se ao esforço de estudar mas não retirar rendimento; era os resvalar para a autopunição, rotulando-se de incapaz, sem valor; eram as insónias; era o pôr tudo em causa na sua vida; era o mau-humor constante e o sentimento de grande infelicidade.
Ao sentir de volta as responsabilidades, a Luisa não se sentia com forças para fazer face a esse cenário negro. Quando eu lhe disse que ela encarava a doença como uma forma de fuga, uma forma de estar sob protecção em relação a esse cenário insuportável, ela concordou.
Havia que contrariar o medo de que a melhoria do seu estado de saúde desembocaria na assunção de responsabilidades desgastantes e carregadas de sofrimento. Que, pelo contrário, a saúde lhe daria a capacidade de assumir essas responsabilidades com confiança, energia, satisfação e sucesso.
Utilizei com ela uma técnica de dissolução do medo e instilação de confiança que inclui exercícios de respiração acelerada (healing power virus). No final desse trabalho comentou: “Encaro melhor a possibilidade de as coisas correrem bem”. O seu discurso tornou-se mais claro e descontraído. Terminei a sessão orientando a Luisa a fazer ela próprio o código de cura para a crença “Eu estou condenada à doença, ao sofrimento e a viver infeliz”. Recomendei-lhe que até ao dia seguinte fizesse esse código de cura várias vezes.
À noite a mãe da Luisa telefonou-me muito feliz para me dizer que a filha tinha saído para se encontrar com amigos. Uma mudança extraordinária! Em apenas 4 dias de assistência intensiva, uma jovem de 23 anos passara da completa prostração e falta de vontade de viver para sair com amigos para se divertir.
No dia seguinte (26/7/2014) voltou. Comentei o facto de ter saído na véspera, ao que ela me respondeu: “Já existem coisas que me dão prazer fazer”. Diz-me que nessa manhã acordou “melhor do que nos dias anteriores, mas ainda deprimida”.
Nesse dia o seu maior medo era a perspectiva de após, a conclusão do Mestrado, ter que se deslocar para longe da família, eventualmente emigrar, para arranjar um emprego. Por um lado tinha elevadas aspirações profissionais mas, por outro lado, receava enfrentar a solidão, ficar doente e ter que regressar a casa dos pais carregando o fardo de um fracasso. Foi isso que aconteceu a primeira vez que saiu de casa dos pais para estudar na universidade.
Começámos por fazer um trabalho de dissolução dos medos desse cenário negro (healing power vírus) e depois fizemos o trabalho de criação de confiança num cenário alternativo de sucesso, novas experiências positivas, novos horizontes, saúde e alegria (healing power source). A Luisa fez os exercícios de cura com especial vigor e energia na respiração acelerada e, no final, tinha estampado no rosto um sorriso aberto e um brilho nos olhos, dizendo “Estou muito melhor agora!” Despediu-se alegre e contente, dizendo que nessa tarde ia assistir a um concerto.
A 27/7/2014 a Luisa refere que apesar de acordar melhor pela manhã “ainda há um misto de sentimentos”, mas que a desmotivação para ficar melhor foi ultrapassada. Sobre a crença “Eu estou condenada à doença, ao sofrimento e a viver infeliz” sente que no imediato está melhor, mas acrescenta: “Lá no fundo não sei como estou, não sei se isto é para durar”.
Nessa sessão foi introduzido o código de cura sobre o Perdão. Assim, depois de um acompanhamento inicial diário de 6 dias, deu-se início a uma prática regular de códigos de cura, à razão de um código por semana, o que implica após cada sessão assumir ela própria a responsabilidade de aplicar o código introduzido até à sessão seguinte. Todavia decidi monitorar a sua evolução recebendo-a uma segunda vez por semana para trabalho de coaching, terapia cognitivo-comportamental, healing power virus e healing power source. Duas semanas depois as sessões passaram a ser semanais.
A Luisa adoptou a prática dos códigos de cura com muita seriedade e auto-disciplina. Na sessão de 30/07/2014 diz que ainda não acorda bem mas que passadas umas duas horas já se sente bem. Já não tem pesadelos ou sonhos perturbadores. Passa os dias sem pensamentos negativos, com boa disposição, recomeçou o trabalho da dissertação de mestrado: sente-se motivada, com energia física e intelectual. “Acho que estou mais inteligente”, concluiu.
Em 28/08/2014, 5 semanas passadas sobre o dia em que a mãe a encontrou caída na casa de banho, a Luisa diz de forma muito peremptória:
“Neste momento posso dizer que sou uma pessoa diferente. Já disse isto a quase todos os meus amigos. Sinto que fiz um crescimento pessoal de vários anos. A minha vida melhorou muito em todos os aspectos. Libertei-me de muitos medos e vejo tudo com mais clareza. Tornei-me mais assertiva e aprendi a dizer não. Compreendi porque o relacionamento com o meu pai era tão complicado e neste momento temos uma relação excelente – há muitos anos eu esperava por isso.”
Neste momento a Luisa faz uma vida normal e estuda arduamente para concluir a sua dissertação de Mestrado. Prossegue com as sessões semanais, às vezes quinzenais, de códigos de cura e tem ainda uma margem de progresso muito grande.
– O que é que na vida de uma jovem bonita, com inteligência acima da média, com um fundo de bom-humor e alegria, pode colocar em risco a sua saúde física e mental, impedi-la de criar bons e gratificantes relacionamentos, de ter sucesso académico e profissional? Enfim, o que tem estado a impedir esta jovem de ter uma vida feliz?
Luisa tem diagnosticada uma depressão desde os 15 anos e, desde então, têm crises graves que lhe causam grande sofrimento. Durante os 4 anos da escola primária era a melhor aluna da turma e talvez por isso a única que não era alvo de agressões da professora. Mas assistia diariamente a uma grande violência sobre todos colegas, como atestam as seguintes declarações feitas durante as sessões terapêuticas:
“A professora X batia com a cabeça de Y contra o quadro; a professora X agarrava Z pelos cabelos e sacudia-lhe a cabeça para um lado e para o outro com força; a M foi obrigada a ficar dentro da sala sem poder ir à casa de banho até fazer xixi e depois a professora obrigou-a a limpar o chão da sala; a matemática era a hora do “bombo”- eu tinha ansiedade e dores de barriga; para ensinar as contas de dividir a professora fez uma conta no quadro nos últimos 5 minutos e passou contas para casa. No dia seguinte, contas erradas e pancadaria – eu nunca aprendi como se faz uma conta de dividir; as reduções foram ensinadas da mesma maneira e, no dia seguinte, porrada p’ra cima; a professora X recortou na fotografia da turma, perante todos, os rostos de 3 alunos que mudaram de escola.”
A Luisa conta que muitas vezes ao ir para a escola pensava para si “é hoje que se ela bater em alguém eu me levanto e saio da sala”, mas acabava por não ter coragem para o fazer e sentia-se penalizada por isso.
(O único nome que se pode dar a isto é HORROR! É absolutamente dramático que pessoas tão desequilibradas possam ter uma turma de crianças à sua responsabilidade. É dramático que uma Inspecção de Ensino não seja capaz de identificar tais situações e erradique do ensino quem maltrata crianças de uma forma tão brutal.)
Ao passar para o 2º ciclo, a Luisa frequenta uma escola em que predominavam alunos de meios socioeconómicos inferiores ao seu. Por essa razão, valorizavam menos do que ela o rendimento escolar. Ao destacar-se como boa aluna e ser alvo de apreço por parte dos professores tornou-se vítima de bullying. Grupos de rapazes juntavam-se em torno dela, faziam chacota e esvaziavam-lhe a mochila dos livros na rua. Nas aulas não gostava que os professores lhe fizessem perguntas para não se evidenciar face aos outros porque “lá fora ia pagá-las”, eles vingavam-se. Para poder ser aceite, a dada altura dizia aos pais que não queria ser boa aluna, queria ser uma “aluna normal”. Mas nunca contou aos pais o que se passava. A Luisa achava que qualquer atitude dos pais junto da escola só iria piorar a sua situação.
Esta criança/adolescente geriu sozinha durante 4 anos (do 5º ao 9º ano) todo isso este processo de agressão psicológica, discriminação e humilhação. É absolutamente chocante que haja nas nossas escolas crianças tão desprotegidas e tão cruelmente mal-tratadas, de forma continuada, sem poderem confiar sequer que podem pedir socorro a alguém.

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